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sábado, 14 de fevereiro de 2015

CURTINDO O CARNAVAL

      Chegou o Carnaval, período em que todos têm de ser felizes, extravasarem, enfiarem o pé na jaca, curtir, beber até chegar ao coma alcoólico ou quase. Quem não faz isso é démodé, não está vivendo, está perdendo tempo e não está curtindo a vida.
            Estava refletindo exatamente sobre isso quando resolvi escrever. Preciso do Carnaval pra mostrar que sou “feliz”?! Esquecer os problemas que preciso resolver porque tudo pode em nome do carnaval? Quando voltar do carnaval estarei mais feliz, realizada e tudo resolvido?
            Nada contra quem curte, quem gosta de “beber, cair e levantar” como diz a música, mas assim como na religião, política e opção sexual, respeitem meu posicionamento e não queiram me converter ao carnaval.
            Chamem-me de retrógrada, conservadora, até de tola, não ligo mesmo. Não vou vender meu corpo, minha mente e minha alma por míseros dias que definitivamente não me farão mais feliz e não mudarão em nada a minha vida, pelo menos pra melhor não. Na vida eu escolhi ser e não ter, ter de demonstrar que sou feliz, ter de demonstrar que estou vivendo, ter de demonstrar que estou curtindo e não perdendo tempo.

            Sou assim, prefiro livros, filmes, boa companhia e um bom vinho ao invés de uma grade de cerveja ou litros de cachaça em nome da alegria. O que me conforta é que realmente não me importo com o que pensam ao meu respeito sobre isso e que também não estou só com este posicionamento. Vou curtir o feriadão do carnaval descansando a mente, o corpo e o coração porque nada troco por minha paz de espírito.

domingo, 28 de dezembro de 2014

PRA VOCÊ!

Quero beber-te
a largos goles
embriagar-me
do teu corpo
teu gosto
antes de acordar
com ressaca
curar-me em ti.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

RETICÊNCIAS

Sem palavras
Sem flores
Sem graça
Sem espaço
Sem vaga
Sem chance
Sem palavras
Sem criação
Sem foco
Sem presente
Sem chão
Sem planos
Sem som
Sem canção

Só...

         

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

SILÊNCIO!!!

Não quero conselhos
Não quero palavras
Elas já calam em meus ouvidos
e gritam em meu coração
Prefiro ouvir as vozes do meu silêncio


domingo, 21 de setembro de 2014

EXISTIR

Não precisa ter flores
Não precisa de serenatas
Não precisa de cavalo branco
Não precisa ser mágico
Não precisa ser perfeito
Não precisa ser pra casar

Só precisa acontecer
Só precisa ser uma página na minha história
E não um rascunho
escrito às pressas
e nunca passado a limpo.

Ser uma incompletude a menos
Uma dúvida a menos
Acontecimento e não blefe.

Nem tudo pode ser perfeito
Mas precisa acontecer.




sexta-feira, 5 de setembro de 2014

IMPOTÊNCIA

     Aquele menino tem, provavelmente, a idade de muitos de meus alunos. Mas quem é aquele menino? Quem são seus pais? Ele os conhece? Ou simplesmente já nasceu esquecido pela vida?
  Numa manhã ensolarada de sábado, em um ônibus que habitualmente não pego, fui surpreendida por uma criança, um menino, adormecida no banco do ônibus, possivelmente entorpecida por alguma droga. Parecia perdido.
  O menino acordou perguntando se o ônibus passaria pelo Alecrim. "Já passou, mas voltará por lá", respondi eu chocada com aquela cena: Um menino sujo, descalço, drogado e sem destino certo.
  Fiquei em torpor com um peso do pensamento enquanto imaginava quem seria aquele menino, o quanto de sua infância já havia sido roubado, quem são seus pais, onde vivem...
 Estive atravessada por um sentimento estranho de culpa, de impotência, de dor, de pena... Senti vontade de tocá-lo, nem que fosse com uma palavra fazê-lo sentir algo além de olhares de medo e pena.
  Quando o ônibus aproximou-se do Alecrim, avisei-o que era hora de descer. Ele, "bêbado", sentou-se e mal conseguia manter os olhos abertos. Passou o 1º ponto de ônibus e eu, tocando nele, avisei que se ele quisesse descer, o próximo ponto era a última parada que o ônibus daria dentro do bairro.
  Ele pediu que pedisse parada e agradeceu. O ônibus parou e ele, cambaleando, desceu sem rumo certo, olhando para o chão, para os lados sem saber pra onde ir... Levou o meu coração junto... Uma senhora que estava ao meu lado disse-me algo, não consegui ouvi-la porque as vozes em meu pensamento gritavam. Segurei as lágrimas "engolindo o choro" com um nó seco na garganta. Fiquei assim alguns minutos e tive meu pensamento quebrado pela fala de um vendedor que chegou perguntando se eu queria picolé e elogiou meus olhos verdes.
  Segui meu caminho. Segui com a certeza de que os pais daquele menino vivem e são você e eu. Somos pais dele quando nos omitimos diante das escolhas políticas que podemos fazer e não fazemos. Quando ignoramos nosso papel social de cidadãos e nos "eximimos" da culpa e jogamos nas costas do governo toda a responsabilidade do nosso descaso político e social.
  Quantos daquele menino perdem-se todos os dias nas grandes cidades e são fruto do meu, do seu, do nosso descaso...


sábado, 3 de maio de 2014

DOU-ME!

Dou-te os meus versos de agora.
Se pudesse te daria todos,
Os que já foram escritos
E os que ainda sequer me inspiraste.

Mas não posso dar-te
Porque eles são tua pessoa,
 Refletida no lirismo mais suave,
 Cantada nos versos mais perfeitos
E nas estrofes mais fortes.

És a saudade mais profunda
Descrita nas metáforas poéticas.
 És também o amor construído
 Na singeleza de um breve olhar.
És a junção do real e do irreal.

És o meu mais perfeito poema de amor!

(02/05/14)