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domingo, 28 de abril de 2013

Quero a vida sem dúvidas,
sem testes, sem pegadinhas,
sem um sim
que é um talvez
que esconde um não.

MAIS OU MENOS?

O que era cor desbotou
pelo eco das palavras
que foram silenciadas
com a ausência
de alguém que estava
mas não foi presente.
Uma pétala a menos
da flor das possibilidades
de algo que poderia ser
e foi só inconstância,
incerteza, migalhas...

(26/04/2013)

sexta-feira, 26 de abril de 2013

ANTÍTESE

Perdoe-me, minh'alma,
por ser tão inquisitória,
tão punidora,
tão atormentada.
Tu tens padecido às loucuras
de minhas escolhas,
às negligências da minha aceitação,
ao vazio das minhas ausências,
quando solitária,
fujo de ti, de mim mesma...
Perdoe-me!
Por muitas vezes te algemar
a uma vida que não escolhestes,
aos medos que não quisestes.
Eu também nunca os quis,
em mim, em ti.
Nascemos uma para a outra,
mas nunca nos unimos,
talvez porque nunca nos aceitamos
e, ao invés de cúmplices,
fomos sempre rivais.
Na busca incessante
de nossas realizações
perdemos-nos em nós mesmas
e ainda não nos encontramos.

(25/04/2013)

quarta-feira, 17 de abril de 2013

LUZ!

Lua dos meus amores
da minha saudade
dos seus encantos
dos nossos desencontros
das sensações desejadas
dos gostos imaginados
das coisas escondidas
das palavras sussurradas.
Lua do nosso amor!

(16/04/2013)

terça-feira, 16 de abril de 2013

ATMOSFERA

Perfumei-me de estrelas
Enchi o olhar da luz do luar
Nos lábios o perfume da primavera
Nos (a)braços o calor do verão
Nos pensamentos, nuvens
para te levantar do chão dos problemas.
Fiz-me luz, estrelas,
calor, nuvens, primavera
Mas você não veio...
Os véus da espera caíram
a luz cessou
as estrelas apagaram
o calor ausentou-se
a nuvem se dissipou
E você nem se deu conta
que o universo esteve em mim
iluminado por sua possível presença
e, com a sua ausência,
se extinguiu
sem você saber que existiu.

(16/04/2013)
Estou afogando-me nas palavras
das cachoeiras dos versos
que escorrem da poesia de minh'alma.

(16/04/2013)

SANDIA

Perco-me...
Nas incertezas
Nas palavras ausentes
Nos carinhos que não chegam
Nas atitudes falhas
Nos incontáveis testes
Nos ataques inesperados
Nas defesas excessivas
Nos recuos desnecessários
Nas declarações repentinas
Nas ausências seguidas
Nos medos do homem
No olhar de menino
Na gargalhada solta
Nas decifrações d'alma
Nos pedidos de perdão
Nas justificativas dadas
Nos abraços tão sinceros
Nos sentimentos incertos.
Estou perdida!

(16/04/2013)

segunda-feira, 15 de abril de 2013

AFLIÇÃO

Cem palavras
Mil atitudes desconexas
Ambíguos atos inconstantes
Rejeições programadas
Resistências disfarçadas
em sonhos assumidos
Desculpas sinceras,
medos e erros
Esperanças, expectativas
Saudades, tristezas
Lembranças,
Desesperanças...
Nada consumado
Tudo consumido...

(12/04/2013)

sábado, 13 de abril de 2013

HOMEM-ESPINHO

Pra se aproximar, fura.
Pra abraçar, machuca.
Pra beijar, ferroa.
Pra dizer que gosta, fere.
Pra ter por perto, atormenta.
Se defende de um ataque imaginário,
evita lágrimas que não existirão.
Lança espinhos o tempo todo,
causa tristeza e
depois pede desculpas.

(12/04/13)

quarta-feira, 10 de abril de 2013

CRONUS II

O que é o tempo
se não uma convenção?
Incapaz de medir os sentidos.
Regra não é para sentimentos,
vínculos, aproximações...

segunda-feira, 8 de abril de 2013

HIPOCRISIA

Fingir que não sente
Usar máscaras
Proferir mentiras
É disso que a vida gosta.
Verdade? Não serve!
Sensibilidade? Não quer!
Autenticidade? Não presta!
Não seja você,
Violente sua alma.
Mude sua personalidade,
Talvez assim
Você será considerado normal.
Ah! Minta também!
Finja que não gosta,
Que não sente,
Cale as palavras
E com elas as emoções também.
O tempo? Preste atenção!
Se for curto, não deve sentir nada.
Dissimular é a regra!

(08/04/13)

SENTIDOS

Sinto a força do seu abraço
O cheiro da sua pele
O toque das suas mãos
A textura dos seus lábios
O gosto do seu beijo
O calor do seu corpo
Tensionado ao meu.
Sinto você!

(08/04/13)

PALAVRADA

Prolixamente
Eis-me aqui
Estragando as coisas.
Falo demais, calo de menos.
Sonho alto, ajo e lamento.
Anseio tudo, jogo pouco.
Intenciono muito, atinjo o todo?

(08/04/13)

AFONIA

Não estou para as palavras
tenho engolido-as
na esperança
que ao degluti-las
eu entenda o que se passa.

(04/04/13)

PASSAGEM

Ouvi uma voz chamando...
Fui atender.
Surpresa fiquei.
Era ela pedindo para entrar,
Mas já não estava cá?
Qual não foi a decepção
Ela continuou pedindo.
Eu, com as chaves na mão,
Não consegui abrir a porta.
Não sabia a chave certa!
Ela esperaria eu abrir?
Minhas mãos atadas
Pelas teias da dúvida,
Pelas cordas do medo
E pelos fios das decepções,
Não se moveram do lugar.
E ela continuou pedindo:
– Deixa-me entrar?
E eu, aflita, respondi:
– Espera, vida, eu deixo você entrar,
Só não sei qual chave usar...

25/03/13