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segunda-feira, 4 de julho de 2016

ANÔNIMO

   Naquela carta, que nunca te escrevi, disse tanto de mim, coisas que você nunca mereceu 1%. Cada palavra gasta, cada apelo feito, humilhantes tentativas para alguém em quem o entusiamo já não era presente.
    Como fui tola ao não notar desde o início o quanto de objeto me deixei ser. Até foi bom pra mim no começo porque achei que éramos ambos brinquedo um do outro.
     Quanta tolice!
    Nem sei em que exato milésimo de segundo tudo em mim desmoronou transformando-se no que jamais deveria ter existido. O que já era caco esfacelou-se com o vento da rejeição e virou pó.
     FILHO DA PUTA!
   Era o que eu deveria ter dito desde o começo, mas a minha educação, ingenuidade e boa essência não me permitiram.
     Hoje o que existe eu não sei, só sei que não posso dizer que é nada.
    Não sei o nome que se dá a toda a ruína que fica dentro da gente mesmo quando se tenta de todas as formas lavar a alma por inteiro.
   A roda da vida girou, novas páginas foram escritas, porém parece que na tua página tem um marcador e a página está com a borda dobrada.
    A única certeza que tenho é que não quero nunca mais te ver, te encontrar...
    Foda-se você e toda merda que você deixou em minha vida!!!
  Contudo não te culpo completamente, a tentativa de aventura foi minha e conscientemente me atirei no abismo da canalhice onde você mora.
    Só quero que, um dia, tudo isso passe e você passe a ser ninguém de qualquer coisa que vivi não sei quando em um passado distante...
     
      

HEILAND

Entre duas rodas encontro
paz, sossego.
Entre elas movimento a vida
que não se movimenta 
Chego a qualquer lugar 
e volto de onde nunca fui
Sorrio, faço destinos
Entre duas rodas
sinto o que sou
esqueço o que fui
vejo o que serei.
O vento no rosto leva,
leva pra longe o que não quero.
Entre duas rodas salvadoras.